Jonas Laskouski com fotos dos ex-alunos, da 'Tia' Daura e de Taisa Costa Barbieri
Guarapuava – Nos anos 80, e até a formatura em 1991, éramos muitos.
O antigo Primeiro Grau no Colégio Adventista, um dos mais tradicionais da cidade, formou boa parte de vários ‘quarentões’e ‘quarentonas’ (ou quase, ou mais) em Guarapuava. Nos meados de 2016, uma foto tirada na quadra da escola em 8 de agosto de 1985, foi postada no Facebook por uma das ex-alunas, Sheila Shumanski (a loirinha emburrada no fim da fila, com sua inseparável pochete cor-de-rosa). Era o estopim para que os alunos ali retratados, da 2ª série da Tia Daura (e da querida Tia Cristina, já falecida) iniciassem uma viagem no tempo.
Todos começaram a se marcar e marcar os outros na publicação, outros de outras turmas foram aparecendo, uma enxurrada de comentários e curtidas e lembranças e histórias e risadas foram surgindo e a memória de um tempo inesquecível foi reavivada na mente e, principalmente, no coração de cada um. Um grupo no WhatsApp foi criado e claro, a sugestão de um reencontro foi lançada. Com grande esforço e alegria, apesar de muitos estarem vivendo perto e também fora (Curitiba, Guaratuba, São José do Rio Preto, Tocantins, Paraguai, França e Áustria), quase todos foram contatados, inclusive os que não faziam parte da turma e do ano, mas que se juntaram nos anos seguintes e se transformaram em grandes, grandes amigos, mesmo com a distância os separando. Até mesmo a professora Daura. Alguns meses e várias remarcações depois, eis que finalmente uma data foi decidida. 25 de março de 2017.
Quase 32 anos depois, finalmente a turma iria se reencontrar. Quase toda a turma. Aliás, bem poucos. Na verdade, dos 36 ‘pestinhas’ e ‘anjinhos’ retratados para a posteridade, apenas 10 se juntaram para um momento único: um tour pela escola que tanto havia marcado a vida daqueles pequenos.
Atual fachada do Colégio Adventista
Quem estudou no Adventista nos anos 80 e boa parte dos 90, teve uma educação de primeira (ainda tem, claro). Pautada pelo Ensino Religioso, ela tinha uma pedra fundamental. Um nome. Um mito. Era o diretor Haroldo Linhares. Haroldo e suas reguadas. Sim, se você aprontasse, não obedecesse depois de inúmeras tentativas por parte dos professores, enfim, se você fosse o capeta em sala de aula, não tinha escapatória. Você iria para o gabinete do professor Haroldo e as chances de você não levar uma reguada em uma das mãos, eram mínimas. “Não era a reguada que doía. Era a vergonha de levar a reguada, a vergonha dos coleguinhas ou dos seus pais saberem que você tinha ido para o gabinete por ter aprontado. E só ia quem realmente aprontava”, bem colocou uma das ex-alunas, Ana Carolina Gaspar, durante o reencontro deste sábado. Então voltemos a ele, o reencontro.
A 'Tia' Daura e o professor Haroldo Linhares
Que noite sensacional! Recebidos pela atual diretora, Taisa Costa Barbieri, os alunos Ana Carolina Gaspar, Daniele Prado, Flávia Beck Pacheco, Karim Elena, Marizele Iastrenski Silva, Marielle Ribeiro Gomes Matecoski, Perla Rozetti, Sílvia Junko, Marcelo Gelinski Machado, Jonas Laskouski (futuro repórter fazendo careta na foto) e a professora Daura Moreira, já tiveram uma surpresa e o coração acelerou. O professor Haroldo Linhares estava ali para recepcionar os visitantes. Visivelmente do alto dos seus 80 e poucos anos de história, o mais emocionado era ele. Seus olhos brilhavam diante da gratidão do seus pupilos. Porque muito do que esses alunos se tornaram hoje, se deve, sem sombra de dúvidas, aos princípios ensinados por ele, pelos professores e por quem levou, pelas reguadas. Elas ensinaram e muito. Sem mimimi.
A diretora Taisa e a turma com o professor Haroldo: felicidade só!
As boas-vindas foram dadas, oração feita, ritos antigos foram rememorados e o passeio pela escola se tornou uma das viagens mais emocionantes já vividas por cada um daqueles privilegiados homens e mulheres que se permitiram viver aquele momento. A cada porta aberta, era possível nos vermos ali nas carteiras, absortos (ou não!) pelos ensinamentos da tia Daura e demais professores nos anos que se seguiram até a formatura da 8ª série, ou correndo pelo pátio e pelos corredores sempre sob a mira e os olhos atentos do inspetor Airton, ou na hora do recreio na cantina da Sofia esperando para comer uma bananinha, quando meninos e meninas eram separados – já que a religião adventista não permitia que ficassem juntos, ou ainda na quadra jogando caçador, ou na secretaria com a Raquel, ou no culto, até os banheiros contaram histórias, rs. As lembranças estavam ali latentes, pulsando, vivas.
Meninas de um lado, meninos de outros. Até o professor Haroldo!
O vácuo ficou por não ter sido possível reunir toda a turma para refazermos a fotografia de 1985. Cada um com seus compromissos, nós entendemos. Outros encontros virão. Mas quem ali esteve, pode sentir de fato na pele e no coração, como eram bons e alegres aqueles dias e como tudo foi importante na construção de nossas vidas, os anos vividos na escola. No Colégio Adventista de Guarapuava.
Aos que não estavam presentes, continuamos sendo muitos. Mesmo que na lembrança e no coração.
Ainda teve lembrancinha. Um chaveiro do colégio, mimo da direção
P.S: Como não poderia deixar de ser, tudo acabou em pizza. No melhor sentido que essa expressão carrega.