22/08/2023
Geral Guarapuava

A era do cachorro que corre atrás do próprio rabo

* Por Claudio Andrade

Estamos cada vez  mais distantes da promessas humanas.  Retroceder jamais já não é mais a palavra de ordem. É possível apontar vários andamentos erráticos do tempo presente.

Diferente de tudo o que existe, a natureza humana sempre precisou de uma perspectiva, de um projeto para viver melhor.  Isto é próprio da condição humana. Sem isto é possível afirmar que não somos humanos, mas sim robôs ou animais. Infelizmente o projeto vigente é acabar com projetos.

As decisões não são tomadas mais por critérios humanos. Diferente de outros períodos históricos, a soberania é essencialmente financeira. O preço que o sistema financeiro e seus agentes imputam ao mundo e aos seres humanos é altíssimo. Não tem como pagar.

O impressionante é que este raciocínio tem sido avalizado por pessoas. Isto é perplexo. Aqueles que advogam pelo fim da política, sabendo ou sem saber, também advogam para o fim da ação humana. Não se pode  desconsiderar que o erro maior não vem da política em si, mas de seu uso por agentes políticos.  Não confundamos as coisas. Falta-nos hoje uma direção a seguir, sobretudo porque a atual política vigente parece estar sem idéias originais, emprestando ou plagiando o estatuto da economia e da contabilidade.

Com tudo isto posto parece que não estamos em condições de sequer repensar a utopia que não é outra coisa senão a possibilidade de aspirar a uma grande mudança. Trocando por miúdos, entramos no cenário do "cachorro que corre atrás do próprio rabo".

O saldo de tudo isto é que o individualismo está se expandindo assustadoramente e perversamente com a ajuda da tecnologia.

É uma pena que a tecnologia seja mais rápida do que a cultura. Se entendermos que a tecnologia é um produto da cultura, talvez pudéssemos qualificar a cultura dando à mesma maior dignidade.

Temos saída?  É possível.  Apesar do que parece ser,  hipoteticamente o futuro parece estar nas mãos de quem souber unir a dimensão humanista à tecnológica, duas coisas que não podem se separar, mas que infelizmente estão distantes.

A harmonia destes dois importantes conceitos [tecnologia e humanismo] poderia nos dar uma direção diferente e salvar a política do poder.  A política também parece curta de idéias e sente o golpe. Ora,  se os políticos não são mais capazes de governar, é porque não temos projetos e utopias. Daí a necessidade de reinventar as pessoas e, conseqüentemente, a política. 

Cristina Esteche

Jornalista

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