22/08/2023


Cotidiano Guarapuava

Seca no Jordão, em Guarapuava, gera polêmica

Moradores do bairro atribuem culpa a construção de hidroelétrica. Empresa responsável pela obra alega falta de chuva

seca-jordao-1

*Matéria atualizada às 17h02 para inclusão de informação.

(Foto: Reprodução/Agita Guarapuava)

O baixo nível de água do Rio Jordão, no trecho que compreende o Parque do Jordão, em Guarapuava, está gerando polêmica entre guarapuavanos, principalmente, nas redes sociais. Em alguns pontos do parque, como na conhecida “prainha”, já não há mais água. No Facebook, três vídeos divulgados neste final de semana, e que mostram o estado atual do trecho do rio, viralizaram. Juntos, os vídeos possuem mais de 2,3 mil reações e quase mil comentários. Nas imagens, é possível ver, também, o trecho que compreende a nova ponte do Jordão, com níveis de água abaixo do que a comunidade está acostumada a observar. Os vídeos foram gravados no último dia 19 de junho.

Publicações de vídeos e fotos da seca no Jordão geraram discussão (Imagem: reprodução)

Em muitos dos comentários (acesse aqui, aqui e aqui), o público discute sobre as causas da seca no Rio Jordão, entre elas, apontando a construção de uma usina hidroelétrica pela Dalba Hidroelétrica, integrante da holding Dalba Engenharia. A licença de instalação foi obtida pela holding junto ao IAP e a de funcionamento pela Prefeitura de Guarapuava. Como “compensação” pela construção da Central de Geração Hidroelétrica, a administração municipal exigiu da Dalba a nova ponte de Parque do Jordão, inaugurada no ano passado.

Trecho de um dos vídeos divulgados.

CONTRAPONTO

De acordo com Ilson Cezar Luchtemberg, diretor executivo da Dalba Engenharia, a seca no Jordão, no entanto, não teria ligação direta com a construção da Central de Geração.

“Nós temos uma vazão sanitária expedida pelo IAP de Curitiba de 700 litros por segundo. E nós estamos obedecendo isso rigorosamente. Estamos dentro da lei”.

Ainda de acordo com Ilson, junho e julho são meses “ruins para os rios”, já que a incidência de chuva é baixa nesta época do ano.

“Teoricamente não temos água no rio nesta época do ano. Então, por isso, hoje só está passando a vazão sanitária por ali, que é o mínimo que pode passar. Em outros meses, vamos ter água abundante lá por cima, como sempre foi”.

SIMEPAR

De acordo com Samuel Braun, meteorologista do Simepar, em junho e julho, realmente, a previsão é de pouca chuva. Em junho deste ano, por exemplo, choveu 169 milímetros. Apesar de pouco, na avaliação de Samuel, a quantia ainda ficou acima da média para esse mês, que era de 160 mm. Em junho de 2017, foram 120 mm. Já para julho, o Simepar prevê 115 mm de chuva em Guarapuava. Ainda segundo o meteorologista, o período de baixa incidência de chuva deve se estender, também até agosto.

IAP

De acordo com o diretor do IAP em Guarapuava, Milton Roseira Júnior, o processo de liberação da obra foi feito pelo Instituto em Curitiba, porém, é possível afirmar de antemão que todas as licenças para a construção estão em dia. Mesmo assim, ainda de acordo com Milton, o escritório de Guarapuava começou uma análise do caso nesta segunda feira (2), inclusive com representantes do Instituto das Águas do Paraná, para análise da obra e da situação do Rio Jordão.

“Vamos pedir alguns relatórios à empresa e até o fim da semana devemos ter alguma posição a respeito, porém, podemos adiantar que não está faltando nada quanto a parte documental. Está tudo em dia”.

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.

Pular para o conteúdo