22/08/2023
Política

Após 12 anos, Paiol de Telha será incluído em projetos de saúde

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Moradores da comunidade quilombola Paiol de Telha, na Colônia Socorro, em Entre Rios, contesta informações postadas no site da Prefeitura sobre o número de atendimentos na unidade volante de saúde.

A enfermeira Cristiane Mormino Kuster, que atende os pacientes do Paiol de Telha, disse na inauguração do postinho, no sábado (4) que não há um limite de atendimento de pacientes. "Isso não é verdade. A gente tem que madrugar nas quintas-feiras, que é o dia agendado para o médico vir aqui e nunca há fichas", disse uma moradora que pediu para não ser identificada. "Se você colocar o meu nome aí, nunca mais vou ser atendida, porque há discriminação", afirmou. Assim como essa moradora, outros fazem coro ao que ela disse. "Aqui tem limite de consulta, sim. Minha filha estava doente e não foi atendida. Tive que fretar um carro e sair na madrugada para Guarapuava", disse outra moradora da comunidade.

“Nós teremos um lugar mais adequado para trabalhar e assim seremos capazes de realizar um trabalho com mais qualidade” afirmou a enfermeira. Essa declaração da enfermeira sobre um local mais adequado para o atendimento à saúde procede. Até então, há cerca de 12 anos, a comunidade vinha sendo atendida em condições subhumanas. A sala destinado ao médico ficava dentro da sede da associação, numa antiga estrebaria. Era um cubículo com chão podre, cheio de buracos, sem iluminação e sem vidro na única janela existente no local. As paredes eram todas manchadas por mofo. Apenas uma maca velha e uma cadeira estava à disposição do médico. Era nesse ambiente que o material para o preventivo de câncer do colo uterino era colhido. "Sem as mínimas condições de dignidade e de cidadania. As mulheres ficam constrangidas nesse ambiente e se privam do exame", afirmou outra moradora.  Por falta de reivindicação para melhorias é o que não foi. "Durante anos e anos fomos à Prefeitura, vereadores, vice prefeito, estiveram aqui e nada. Mas a campanha política faz milagres e que assim seja", afirmou outra moradora.

O postinho de saúde fo construído, em sua maior parte, com material doado pela Companhia de Música e Dança Afro Kundun Balê (o recebimento do material pela associação consta em ata e está documentado em fotos), com material comprado com dinheiro de rifas realizadas pela comunidade e parte do material doado pela Surg. A construção começou em regime de mutirão com mão-de-obra da comunidade. Depois, a Prefeitura foi lá e terminou.

A inauguração foi feita pela Prefeitura – o secretário municipal de Saúde Cícero Vicentin foi à comunidade pela primeira vez -, no sábado (4) e teve a presença do presidente da Associação dos Agricultores Familiares, Paulo de Oliveira Melo, conhecido como Paulo Mixaria, e do presidente da Associação Quilombola, Divonzir dos Santos, o Baixinho (foto).
No seu pronunciamento, o secretário de Saúde, Cícero Vicentin, disse que “ temos um projeto especial para o interior, para melhorar a qualidade do atendimento nas comunidades e é isso que vai acontecer aqui com esse novo Posto de Saúde”. A inclusão da comunidade Paiol Telha, como disse o secretário, nos projetos da área da Saúde acontece em ano eleitoral, após 12 anos de existência da comunidade quilombola.

Foto e informações/site da Prefeitura

Cristina Esteche

Jornalista

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