O Litoral do Paraná vai ganhar ainda neste semestre uma nova (e clássica) atração, capaz de representar de maneira definitiva um movimento de regionalização turística entre Antonina e Morretes. A Maria Fumaça voltará a passear no trecho entre as duas cidades. Serão passeios diários e casados com a descida do trem pela Serra do Mar.
Segundo a ABPF, os trechos serão diários, conforme a demanda, e a operação deve ser iniciada já em abril, depois da manutenção que a Maria Fumaça recebe em Rio Negrinho (SC). “O intuito é de fomentar o turismo, porque a ABPF e as cidades dependem da receita do turismo para sobreviver. Assim, todo dinheiro da bilheteria será usado para o museu que vamos criar em Antonina ou Morretes. Além disso, a ideia é ter um centro de memória do trem, tão importante para essas cidades”, explica Marlon Ilg, vice-presidente da associação.
“Morretes é uma potência turística e Antonina está ressurgindo. Com grande divulgação na Região Metropolitana de Curitiba, com quase três milhões de habitantes, e os parceiros certos como a Serra Verde Express, que já transportou quase quatro milhões de pessoas em duas décadas, com quem estamos trabalhando diversos pacotes, acreditamos em uma demanda muito expressiva, como nas outras oito operações similares que temos espalhadas pelo País”, complementa.
ATRAÇÕES
A programação inicial prevê viagens de 50 minutos a 1 hora de duração, com atrações locais dentro dos vagões. Há, inclusive, projetos envolvendo os produtos típicos do Litoral, perspectiva idealizada em parceria com o Morretes Convention e Visitors Bureau, entidade apolítica e sem fins lucrativos formada por empresas empenhadas em apoiar o desenvolvimento do turismo local.
“É um projeto muito completo. Estamos conversando com Paraná Turismo e com as duas prefeituras, amadurecendo a operação para ter tudo pronto até a Páscoa. Temos mais de 40 anos de experiência no mercado e queremos replicar o sucesso do trem do vinho do Rio Grande do Sul”, acrescenta Marlon. “Teremos teatro, música regional, e roteiros casados, além de uma locomotiva totalmente repaginada e o visual emblemático da Serra do Mar paranaense”.
LIGAÇÃO
A Maria Fumaça trará mais energia para a estação ferroviária histórica de Antonina, que foi restaurada nos últimos anos. A estação está ligada à história ferroviária do Paraná, iniciada com a inauguração do trecho Curitiba-Paranaguá, em 1885.
A construção ocorreu em 1916, após o incêndio que destruiu a antiga estrutura, e com um investimento de R$ 1,4 milhão houve troca do telhado, substituição dos sistemas elétricos e eletrônicos, reforma dos banheiros e sistemas hidráulicos e a restauração das esquadrias de madeira. Há, inclusive, exposições pelo local.
Já a estação de Morretes existe desde 1883, mas seu prédio original foi substituído por um novo edifício de concreto e alvenaria em estilo art déco na década de 1950. A ferrovia foi projetada pelos irmãos Rebouças. À época (1885) foi uma das mais ousadas obras de engenharia do mundo.
“É algo que toda a população espera, retomar a ligação diária desse trecho histórico. O Paraná cresceu a partir das locomotivas do Litoral, e queremos usar esse caminho para contar um pouco sobre a importância da Mata Atlântica e das outras possibilidades do município. É uma conquista que só trará benefícios para o Litoral”, afirma Allana Cristina Araújo, responsável pela programação turística da prefeitura de Antonina.
HISTÓRIA
A Associação Brasileira de Preservação Ferroviária é uma entidade civil sem fins lucrativos de cunho histórico, cultural e educativo. A missão é promover o resgate e a conservação do patrimônio histórico ferroviário brasileiro, disponibilizando os bens à visitação pública, desde que a conservação do bem não seja colocada em risco.