22/08/2023
Política

Às vésperas das eleições, Carli promete água, luz e titulação de terrenos

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No Bairro Xarquinho mais de mil famílias vivem há 12 anos sem acesso à água nas casas, sem energia elétrica, sem emprego, sem a titulação dos terrenos. No final da tarde de quinta-feira (30), porém, o prefeito Fernando Ribas Carli esteve na Associação de Moradores da área conhecida como “ocupação do Xarquinho”, local que há muitos anos não ia. Durante a reunião com moradores Carli entregou um documento. A certidão emitida pela Secretaria Municipal de Habitação possui dados básicos dos lotes, número da quadra, protocolo. “Ele (o prefeito) disse que esse papel é para a gente ter água e luz”, comenta Ana Rosa da Luz. Em letras minúsculas o papel diz que a certidão é válida apenas como uma ação de planejamento urbano e que a sua emissão não implica no seu reconhecimento por parte do município do direito sobre a posse ou domínio útil de propriedade. Também não autoriza o seu desmembramento e nem torna legal o sistema viário.
“Pensam que só porque somos pobres somos bobos e nos deixamos enganar. Mas enganados estão eles”, reage Adriana Ribeiro.
Momentos depois da entrega da certidão, Carli participou de comício em frente a Escola Total. “Antes de pedir votos pro filho ele disse que tinha entregue o croqui dos terrenos e que na segunda-feira (4) vão passar casa por casa pondo os postes e a luz. Temos tudo gravado”, disse.
Assim como em outros bairros da cidade a realidade da “ocupação do Xarquinho” é de calamidade.
Duas torneiras comunitárias de água tratada servem as mais de mil casas. “Chegamos a ficar dois a três dias sem água porque as duas torneiras não vencem abastecer todas as casas”, diz Daniele Iwvanczy, moradora há seis anos no local.
“Já fizemos mais de 10 abaixo-assinados e entregamos na Prefeitura, mas as respostas que temos é que não se pode fazer nada porque não temos os papéis”, intervém Estela Iatresqi, referindo-se a falta de regularização dos lotes.
Entretanto, na última semana, antecedendo a ida do prefeito à comunidade, o secretário municipal de Habitação Francisco Andreatta fez uma reunião com os moradores da “ocupação” e garantiu melhorias. “O secretário falou que até o dia 18 de setembro a gente ia ter água e luz. O mês acabou e não recebemos nada. Ele disse também que para resolver o nosso problema (legalização dos lotes) a Prefeitura vai gastar um ano de arrecadação”, afirma Adriana Ribeiro.
O discurso de Andreatta, porém, não está em sintonia com o pronunciamento do prefeito Fernando Ribas Carli durante comício de quinta-feira. “O prefeito disse que já comprou a área aqui e que vai legalizar os lotes. Gravamos a fala do prefeito e vamos cobrar”, avisa Adriana com o aval das demais mulheres presentes à entrevista. “O Carli disse também que nós não vamos pagar o asfalto, mas sabemos que não é bem assim. Esse asfalto foi feito agora e já está rachando”, comenta.
“Estamos cansadas de tanta balela. Agora quando é pra vir aqui e por placas nas casas eles aparecem”, reclama Ana Rosa Luz. “Não é o prefeito e os secretários que estão há 12 anos acendendo velas à noite por falta de luz”, comenta Marileia Aparecida Ribeiro
Mas não são apenas estes, os únicos problemas que afetam os moradores. A exemplo de outras vilas e bairros de Guarapuava, o esgoto a céu abeto que escorre por entre as casas é uma ameaça à saúde. “Minhas crianças vivem dor de barriga por causa desse esgoto e não adianta a gente reclamar. Somos pobres e esquecidos. Vá ver o monte de lixo que jogam na frente da minha casa e o caminhão não leva”, reclama. De acordo com as moradoras da “ocupação” , a coleta do lixo é feita apenas duas vezes por semana.

"NÃO É VERDADE"
Dias após a reunião com o secretário de Habitação Francisco Andreatta o presidente da Associação de Moradores Luiz Vicentin disse a um jornal de Guarapuava que o secretário anunciaram que oa terrenos ocupados seriam legalizados. A manchete de primeira página do jornal, porém, provocou o protesto dos moradores. "Moradores de ocupação comemoram a vinda de água e energia elétrica", diz o jornal. "Isso é uma grande mentira. Nós não temos e nem luz. A gente nem sabia que essa associação tinha presidente. Ele (o presidente) estava lá na reunião do prefeito distribuindo pirulitos pras crianças", comenta Adriana Ribeiro.

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Cristina Esteche

Jornalista

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