22/08/2023
Política

Ricardo Barros seria ouvido nesta quinta pela CPI, mas depoimento foi adiado

Entretanto, Barros impetra mandado de segurança junto ao STF para que depoimento seja mantido. O senador Aziz tem 5 dias para responder

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Ricardo Barros e a pressão para depor (Foto: Agência Brasil)

O presidente da CPI da covid-19, senador Omar Aziz avisou nesta terça (6) que a comissão não vai entrar em recesso. As ‘férias’ estão previstas para 18 de julho. Entretanto, em meio ao depoimento da servidora Regina Célia Silva Oliveira, Aziz avisou. “Esta CPI não vai parar. A CPI não terá recesso, não temos o direito de tirar férias enquanto as pessoas estão morrendo. Nós temos a vida toda para tirar férias”. De acordo com os números divulgados hoje, o Brasil ‘amarga’ o índice de 525 mil mortos pela doença.

E é nesse cenário de denúncias envolvendo o Governo Bolsonaro, que o deputado federal Ricardo Barros (PP) surge como protagonista. Ele surge como pivô no suposto esquema de corrupção durante negociações para a compra da vacina Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biotech. Entretanto, apesar de ter o nome envolvido num emaranhado de denúncias, o deputado não vai falar.

Pelo menos, não nesta quinta (8) como estava prevista a convocação. Todavia, senadores adiaram o depoimento sem estipular nova data. Essa decisão levou Barros a impetrar mandado de segurança junto ao Supremo Tribunal Federal para que seja ouvido no dia 8. Ricardo Lewandowski deu o prazo de até cinco dias para que Omar Aziz justifique o adiamento. Conforme o paranaense, ele está sendo impedido de exercer o direito a ampla defesa.

A CPI não pode sequestrar a minha honra e de qualquer um que seja. Peço ao STF que garanta que eu possa defender a minha honra e dizer que não tenho nada a ver com Covaxin e que ajo no interesse do Brasil.

Além do pedido para que possa depor, Barros se utiliza das redes sociais para tentar sensibilizar os senadores. A postagem de vídeos é a estratégia utilizada pelo parlamentar. Entretanto, pesa contra o paranaense o fato de que o grupo composto por sete senadores de oposição e independentes ao governo é que decide os rumos da comissão.

E o que o G7 entende é que Barros insiste em depor para ‘estancar’ desgastes tanto dele quanto do presidente. Missão que cabe bem a ele enquanto líder da bancada governista na Câmara. Por isso, a intenção é deixá-lo por último, após levantamento de todas as denúncias.

 ENVOLVIMENTO

O nome do ex-ministro da Saúde, e hoje líder do governo bolsonarista surgiu durante depoimento do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e do irmão, o chefe de importação do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda. Este último disse que sofria “pressões anormais” de superiores para que agilizasse a importação da Covaxin.

Dessa forma, a vacina indiana do laboratório Bharat Biotech, chegaria ao Brasil pela empresa nacional Precisa Medicamentos. O contrato assinado mostrava o valor de R$ 1,6 bilhão, para compra de 20 milhões de doses. Porém, o acordo encontra-se suspenso após as suspeitas de irregularidades.

De acordo com Miranda, o presidente Jair Bolsonaro mencionou Ricardo Barros como sendo o intermediador do suposto esquema na compra superfaturada da vacina indiana. E o que chama a atenção é que durante a pandemia, uma emenda sob as benção de Barros facilitaria a compra de vacinas. Há suspeitas de que essa interferência tenha ligações com as pressões pela compra da Covaxin.

OUTRA

Embora não esteja confirmado possível envolvimento de Ricardo Barros na negociação da vacina chinesa Convidecia, em  junho último, há ligações sob a mira da CPI. Isso porque o deputado possui estreito relacionamento com a farmacêutica Belcher, de Maringá. A ‘Cidade Canção’ é a terra onde a Família Barros impera.

De acordo com as informações, a Belcher assinou contrato com o Ministério da Saúde. Seria a intermediária para a compra da vacina chinesa por US$ 17 a dose. A compra total seria superior a R$ 5 bilhões, constituindo-se no imunizante mais caro do país. Além disso, outros fatos confirmam a amizade entre o deputado e sócios da Belcher.

Vamos aos fatos: um eles, Daniel Moleirinho Feio Ribeiro é filho de Francisco Feio Ribeiro Filho, o Chiquinho Ribeiro. Ele presidiu a Companhia de Urbanização de Maringá, quando Barros era prefeito da cidade, entre 1989 a 1993. Depois, quando Cida Borghetti, esposa de Barros, assumiu o Governo do Paraná, em 2018, Chiquinho tornou-se diretor da Sanepar.

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Cristina Esteche

Jornalista

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