22/08/2023
Saúde

Apesar do clima, Guarapuava é vulnerável à dengue

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Moradores de Guarapuava devem estar atentos a possíveis focos do mosquito Aedes Aegypti, transmissor do vírus da dengue. Embora o clima do município por ser mais frio ofereça um risco um pouco menor, o vírus de adapta a qualquer condição climática.
“O Aedes Aegypti já foi encontrado na Antártida”, comenta o médico Fernando Pedrotti, chefe do Setor de Vigilância Epidemeológica, vinculado a Secretaria Municipal de Saúde. Por isso, o médico diz que não dá para haver descuido nas ações preventivas de combate à proliferação do mosquito. Pedrotti lembra que em 2010 foram registrados casos de dengue em municípios localizados a um raio de 100 quilômetros de Guarapuava. Rio Bonito do Iguaçu, por exemplo, encontra-se na área de risco da 5° Regional de Saúde.
“Isso significa que o mosquito está mais perto e se adaptando ao clima da região”, observa o médico.
No Paraná, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SESA), neste primeiro bimestre do ano os números de casos da dengue no estado é 42% maior do que no mesmo período de 2010. Já foram registrados 33 mil infectados pela doença e este pode ser o piro surto da doença desde 1993, quando aconteceram os primeiros registros oficiais da doença no Paraná.
“O governo monitora semanalmente os casos de dengue no Paraná e, a partir dos números informados à sala de situação, a Secretaria da Saúde norteia ações de controle e combate à doença. No entanto, a população não pode baixar a guarda. É preciso eliminar a água parada dos quintais – e quem tiver sintomas de dengue deve procurar os serviços de saúde para evitar que o quadro se agrave”, explicou o superintendente de Vigilância em Saúde da SESA, Sezifredo Paz. Segundo o médico, no ano passado três casos de dengue foram registrados n a cidade. Dois pacientes contraíram a doença em Mato Grosso e outro em Rondônia. São casos como esses que oferecem riscos de contágio à população. Segundo Pedrotti, a contaminação acontece quando o mosquito que não possui o vírus da doença, ainda, pica um paciente com dengue e depois morde outra pessoa. “A existência do Aedes Aegypti não significa que o mosquito possua o vírus, mas ele picar uma pessoa contaminada passa a transmitir o vírus a outras pessoas”, explica o médico.
Em Guarapuava, cinco linhas de enfrentamento preventivo estão sendo executadas.
“Temos armadilhas em vários pontos compostas por pneus cortados onde é colocada água limpa. Semanalmente, técnicos observam esse pontos e coletam as larvas existentes para exames que são feitos na própria Secretaria de Saúde”, diz Pedrotti.
Essa ação visa impedir que o vírus chegue ao município. Segundo Fernando Pedrotti, o vírus pode chegar de carona em cargas de caminhão, com passageiros “hospedeiros” que contraem o vírus em outros municípios.
Outra ação desenvolvida pela Saúde em Guarapuava é a fiscalização quinzenal em cemitérios quando todos os túmulos são fiscalizados para ver se existem vasos e outros recipientes com água parada e limpa. Isso porque, o Aedes Aegytpi só se prolifera em água limpa. Há também a vistoria cíclica nos mais de 57 mil imóveis existentes em Guarapuava quando também é dada a orientação aos moradores. Para se ter uma ideia do perigo, o Aedes Aegypt bota os ovos que podem ficar encubando até 450 dias para então explodirem.
“Por isso, insistimos na prevenção”, diz o médico. De acordo com Pedrotti, outra medida preventiva que está sendo realizada atinge pátios de órgãos oficiais onde há veículos apreendidos (Detran, Polícia Federal, e outros), oficinas mecânicas, Delegacia de Polícia. As escolas e colégios do município também são alvos do Setor de Epidemeologia Municipal com a distribuição de material didático aos alunos.
De acordo com o médico, a melhor forma de se evitar a dengue é combater os focos de acúmulo de água, locais propícios para a criação do mosquito transmissor da doença. Para isso, é importante não acumular água em latas, embalagens, copos plásticos, tampinhas de refrigerantes, pneus velhos, vasinhos de plantas, jarros de flores, garrafas, caixas d´água, tambores, latões, cisternas, sacos plásticos e lixeiras, entre outros.
A Dengue
O tempo médio do ciclo da dengue é de 5 a 6 dias, e o intervalo entre a picada e a manifestação da doença chama-se período de incubação. É só depois desse período que os sintomas aparecem. Geralmente os sintomas se manifestam a partir do terceiro dia depois da picada do mosquitos.
Na dengue hemorrágica, um dos dois tipos da doença, o quadro clínico se agrava rapidamente, apresentando sinais de insuficiência circulatória e choque, podendo levar a pessoa à morte em até 24 horas. De acordo com estatísticas do Ministério da Saúde, cerca de 5% das pessoas com dengue hemorrágica morrem.
O doente pode apresentar sintomas como febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, náuseas ou até mesmo não apresentar qualquer sintoma. O aparecimento de manchas vermelhas na pele, sangramentos (nariz, gengivas), dor abdominal intensa e contínua e vômitos persistentes podem indicar a evolução para dengue hemorrágica. Esse é um quadro grave que necessita de imediata atenção médica, pois pode ser fatal. É importante procurar orientação médica ao surgirem os primeiros sintomas, pois as manifestações iniciais podem ser confundidas com outras doenças, como febre amarela, malária ou leptospirose e não servem para indicar o grau de gravidade da doença.

SINTOMAS
Dengue Clássica
Febre alta com início súbito.
Forte dor de cabeça.
Dor atrás dos olhos, que piora com o movimento dos mesmos.
Perda do paladar e apetite.
Manchas e erupções na pele semelhantes ao sarampo, principalmente no tórax e membros superiores.
Náuseas e vômitos•
Tonturas.
Extremo cansaço.
Moleza e dor no corpo.
Muitas dores nos ossos e articulações.

Dengue hemorrágica
Os sintomas da dengue hemorrágica são os mesmos da dengue comum. A diferença ocorre quando acaba a febre e começam a surgir os sinais de alerta:
Dores abdominais fortes e contínuas.
Vômitos persistentes.
Pele pálida, fria e úmida.
Sangramento pelo nariz, boca e gengivas.
Manchas vermelhas na pele.
Sonolência, agitação e confusão mental.
Sede excessiva e boca seca.
Pulso rápido e fraco.
Dificuldade respiratória.
Perda de consciência.

Fonte: Ministério da Saúde

SERVIÇO: Qualquer suspeita de foco ou de caso de dengue é preciso comunicar a Saúde pelo telefone (42) 3621 3745.

Cristina Esteche

Jornalista

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