22/08/2023
Saúde

Provedoria assume o São Vicente com dívida superior a R$ 3 milhões

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A nova Provedoria do Hospital São Vicente de Paulo em Guarapuava assume os destinos do hospital mais tradicional da região com grandes desafios. O primeiro deles é apaziguar os conflitos internos herdados da administração anterior, principalmente, com a classe médica, para imprimir competência no atendimento clínico. Para solucionar o problema entre os médicos e a administração duas decisões foram tomadas: no lugar de Arion de Toledo que era o administrador e que pediu exoneração há poucas semanas por pressões provocadas por denúncias de possíveis irregularidades, quem assumiu o cargo foi Vanderlei Assis de Andrade, que respondi apela tesouraria do Hospital na gestão anterior. A nomeação de um diretor clínico, função que inexistia até então, sob a indicação da classe médica, é uma das inovações da nova Provedoria.
No mesmo patamar de prioridade outra ação imediata será buscar alternativas para fazer frente ao déficit financeiro mensal de R$ 200 mil que cumulativamente soma uma dívida superior a R$ 3 milhões. Esse montante é resultado de déficits que se arrastam há várias gestões. Há cerca de dois meses o Governo do EStado liberou R$ 80 mil mensais para o hospital a pedido do deputado Cesar Filho, dobrando o valor do repasse que era feito anteriormente.
Para minimizar o quadro e gradativamente buscar soluções várias linhas de trabalho já estão sendo traçadas e serão trabalhadas numa escala de prioridades. Só para se ter uma ideia, no feriadão do Carnaval, a recém inaugurada maternidade estava com as portas fechadas por falta de médico obstetra.
“Nosso primeiro ato neste primeiro dia de trabalho é tranquilizar os 400 servidores que atuam em todas as áreas do hospital, desde a administrativa até a médica. Outro compromisso imediato é conhecer mais profundamente a estrutura que estamos assumindo, ver as falhas e procurar saná-las”, anunciou o novo provedor, Antonio Cezar Ribas Pacheco.
Para atender a demanda de Guarapuava e da região, agravada com fechamento do Hospital Estrela do Belém, há falta de equipamentos, de profissionais, de leitos para atendimento aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
“O nosso trabalho será realizado em conjunto entre todos os membros da Diretoria Executiva, dos conselhos fiscais e deliberativos, entre as esferas de governo e, principalmente, com a sociedade”, diz a vice provedora Viviane Siqueira Ribas. Tanto Viviane quanto Pacheco trabalham pelo São Vicente desde 2001, integrando gestões anteriores.
Uma reunião deverá ser agendada com a Secretaria Municipal de Saúde e com a 5° Regional de Saúde. No sistema de saúde o primeiro atendimento de emergência/urgência é feito pelo município. Guarapuava possui apenas duas unidades de saúde com atendimento 24 horas (Jardim Pérola do Oeste e Primavera). Essa triagem determina por encaminhamento médico o atendimento hospitalar quando necessário. À 5° Regional de Saúde cabe o atendimento de alta complexidade.
Para viabilizar essa divisão de funções, avisos serão anexados na portaria do Hospital e profissionais capacitados com condições de avaliação clínica do paciente serão deslocados também para a portaria do São Vicente. “Estamos lidando com uma estrutura complicada, num setor mais complicado ainda que é a saúde, mas somos conscientes e sensíveis de que estamos lidando com vida de seres humanos”, pondera Pacheco.
Além da estrutura humana estar defasada, há setores que precisam ser modernizados. A caldeira, por exemplo, ainda é movida à fogo.
“Vamos ter que lidar com caminhões de lenha chegando, lenheiro e, acima de tudo, com o risco de contaminação. Precisamos adquirir com urgência uma caldeira movida a óleo diesel”, afirma Pacheco.
Com uma estrutura física com capacidade para 166 leitos, dos quais 126 são para pacientes do SUS e os outros 40 divididos entre pacientes particulares e de convênios de saúde, o São Vicente é mantido por repasse do governo estadual para bancar o atendimento pelo SUS. Hoje de 60% dos pacientes do Hospital são oriundos do Sistema Único de Saúde, mas o atendimento extrapola esse percentual. Segundo informações do hospital, a média de atendimento pelo SUS chega a 87%. Para fazer frente a essa diferença, a alternativa é buscar recursos externos por meio de convênios, atendimentos particulares, campanhas solidárias, pedidos de doações, entre outras.
“A nossa intenção é aproximar ainda mais o São Vicente da sociedade. Precisamos continuar promovendo campanhas solidárias, mas vamos ser transparentes, mostrando o montante arrecadado, onde, como e quanto foi investido”, anuncia Pacheco. Outra meta é uma reunião com o secretário de Saúde, Michelli Caputo.
Os novos provedores anunciaram também uma “varredura” em todos os setores do Hospital, incluindo o setor contábil.

DIRETORIA EXECUTIVA
Provedor: Antonio Cezar Ribas Pacheco
Vice-Provedora: Viviane Siqueira Ribas
1° Tesoureiro: Eliane Santos Cesar
2° Tesoureiro: José Luiz Spyra
1° Secretária: Maria Helena Lacerda
2° Secretária: Maria Julia Araújo Fuchs

CONSELHO DELIBERATIVO
Egon Scheidt, Lourdes Leal, Rejane Rodrigues, Beatriz Franciosi, Roseli Silveira.

CONSELHO FISCAL
Ilton Borazo, Humberto Limberguer, Rui Primak.

SUPLENTES
Maria do Belém Spyra, Maria Alice Silvestre, Paulo Afonso Silveira, Paulo Roberto Bischof, Eliane Melhem Rauen, Noelia Marcondes, Eliane Dranka.

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Cristina Esteche

Jornalista

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