A expansão da ferrovia de Cascavel até Dourados e Maracaju, no Mato Grosso do Sul, passando por Guaíra, e de um novo ramal unindo Guarapuava ao Porto de Paranaguá, para solucionar o problema do gargalo logístico existente na antiga linha da RFFSA, tem a participação da Valec, empresa da União. O projeto já está em fase de contratação do estudo de viabilidade e conta com o apoio do Governo Federal.
As primeiras conversas para fazer avançar o projeto começaram em fevereiro entre os governadores Beto Richa e André Puccinelli (MS), com a participação do secretário de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho, e do presidente da Ferroeste. “Além de baratear o custo de escoamento da safra agrícola do centro-oeste e norte do Brasil, vai proporcionar o desenvolvimento econômico e social de toda a região e fortalecer o Porto de Paranaguá”, afirma o governador do Paraná.
A bancada federal no Congresso Nacional e o secretário de Planejamento, Cássio Taniguchi, também participaram das gestões junto à Valec, ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e ao ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento. Em poucos meses foram autorizados a elaboração de um termo de referência, a publicação do edital e o início da licitação. A União vai investir até R$ 6.5 milhões na execução do estudo de viabilidade. O projeto contempla 1.116 km de extensão.
As novas perspectivas abertas na Ferroeste pelo novo governo, atraiu, até junho, 145 empresas interessadas em estabelecer parcerias e sondar oportunidades de negócios. São companhias e bancos do Brasil e do exterior com interesse em investir na ferrovia e estabelecer acordos em várias áreas, além de fornecedores de equipamentos, vagões, locomotivas e serviços.
Recuperação
O projeto para ampliação do terminal da Claspar/Codapar no Porto Seco no Terminal de Cascavel, com previsão de ocupar terrenos de 45 mil m2, é um dos mais importantes projetos da empresa nessa área. Em relação à gestão do Terminal de Cascavel, foram realizados os levantamentos jurídicos e as obras necessárias para elaboração do condomínio no terminal, com licitação de lotes de terrenos destinados a implantação de novas empresas.
Em junho, técnicos da estrada de ferro concluíram a recuperação da primeira locomotiva parada nos pátios da empresa. A locomotiva 9139 foi a primeira de um conjunto de nove máquinas que estão sendo revisadas e recuperadas. A empresa também tem planos para a concorrência de compra ou locação de locomotivas.
Por outro lado, para garantir rapidez e segurança, a Ferroeste vem desenvolvendo operação de manutenção preventiva na sua via permanente, com a retirada de material e limpeza das canaletas dos trilhos, em parceria com o Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Mais de 2.200 metros cúbicos de material foram retirados.
Passivo solucionado
No segmento educativo, a Ferroeste e os Núcleos Regionais de Educação de Cascavel, Laranjeiras do Sul e Guarapuava, realizaram um concurso de redação para celebrar os vinte e três anos de criação da ferrovia. O concurso foi dirigido aos alunos do ensino fundamental e médio. A premiação foi no Dia do Ferroviário, em 30 de abril.
Ainda na área da educação, a empresa, juntamente com a Secretaria de Estado da Educação, deu encaminhamento a um convênio para a formação de técnicos em mecânica e eletromecânica ferroviária. O objetivo é preparar mão de obra especializada na área ferroviária, A parceria vai permitir a formação prática de alunos da rede pública, que, através do convênio, poderão fazer um estágio supervisionado nas oficinas da Ferroeste, em Guarapuava. O curso vai atender os alunos do Centro Estadual de Educação Profissional Francisco Carneiro Martins, de Guarapuava.
Na área interna, a Ferroeste realizou duas rodadas do “Encontro Ferroeste nos trilhos”, uma em Cascavel, em fevereiro, e outra em Guarapuava, em junho. O objetivo é reunir funcionários e diretoria para discutir os novos rumos da empresa. Um terceiro encontro está sendo programado para Curitiba. Também foi destaque, nesse período, a parceria com a Celepar para a interligação de dados e voz entre os terminais de Cascavel e Guarapuava e a sede, em Curitiba.
Diagnóstico
A viabilização do projeto de expansão da Ferroeste porá fim do gargalo de 2,5 a 3 milhões de toneladas/ano no Desvio Ribas, em Ponta Grossa. Somado a isso, a nova proposta de traçado na Serra do Mar, apresentado pela Ferroeste, passível de ser aprovada pelo Ibama, permitirá a expansão da ferrovia a Santa Catarina, pelo litoral, e ao Mato Grosso do Sul, por Guaíra.
A produção de grãos na área de influência da Ferroeste é de cerca de 24,8 milhões de toneladas, sendo 8 milhões do Oeste e Sudoeste do Paraná, 8,4 milhões do Paraguai e 8,3 milhões do Mato Grosso do Sul, segundo dados do IBGE e da Câmara Paraguaia de Exportadores de Cereais. Entre as vantagens da ferrovia está a redução do tempo do transporte de grãos entre Mato Grosso do Sul até Paranaguá. Atualmente, a viagem por caminhão leva três dias, em média. Esse tempo cairia para 18 horas com o transporte de trem.
Além disso, como o frete ferroviário por tonelada (em torno de um dólar) é menor que o rodoviário, somente os produtores sul-mato-grossenses economizariam aproximadamente US$ 5 milhões apenas da safra de grãos. O Paraná pode economizar até US$ 8 milhões. Outro benefício é o retorno dos vagões carregados de fertilizantes e de combustíveis a preços mais competitivos.
Para o secretário da Infraestrutura e Logística, José Richa Filho, para atender a exportação da produção agrícola e a circulação de outros produtos em direção ao interior do Estado, “a Ferroeste terá a missão de desenvolver a ferrovia e promover a integração com os demais modais que formam a rede logística do Estado”. Segundo ele, nesse sentido, o governo coordena esforços de várias empresas públicas para implantar um sistema capaz de otimizar o escoamento da produção do Estado. “Estudos nesse sentido estão sendo feitos pela Ferroeste, Claspar e Codapar”, revela, “com o objetivo de implantar centrais logísticas integradas no interior.”