22/08/2023
Educação

Colégio Benedito: profissionais que fazem da educação uma missão

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* Por Rogério Thomas

O Colégio Estadual do distrito guarapuavano de Guairacá está sendo exemplo de determinação e profissionalismo dos professores e funcionários que atuam no estabelecimento. Diariamente, eles iniciam a jornada até o Colégio às 06h00, enfrentando curvas sinuosas e estrada em péssimo estado de conservação.

O Colégio Estadual do Campo Benedito de Paula Louro iniciou suas atividades em 2004, atendendo crianças da 5ª à 8ª séries. Desde o início das atividades, de acordo com a diretora da escola, Eva Aparecida Abreu do Prado Banczek, o colégio funciona em dualidade com uma escola municipal. “Nos mobilizamos e mobilizamos a comunidade e, em 2006, o Estado assumiu o colégio estadual, que passou a contar com os níveis médio e fundamental. No início, tínhamos apenas 09 alunos no nível médio. Hoje, o Colégio conta com mais de 240 estudantes das localidades próximas do Guairacá sendo atendidas”, explica a diretora.

Porém, com o crescimento da demanda de estudantes, a estrutura da escola está ficando pequena. “Hoje, nós temos um déficit de cinco salas para atender aos projetos e turmas. O melhor para os estudantes e para os profissionais que atuam na educação no Benedito seria a construção de um novo colégio, separando as escolas municipal e estadual. Seria o atendimento de uma antiga reivindicação da população e a realização de um sonho de toda a comunidade estudantil”, enfatiza Eva.

Os dados das famílias dos estudantes do Colégio Benedito demonstram que dificilmente eles dariam continuidade aos estudos caso tivessem que se deslocar até a cidade. Dos 240 estudantes matriculados nos ensinos médio e fundamental, 199 estão inscrito no Programa Bolsa Família, do Governo Federal. “Nós acompanhamos algumas visitas para conhecer a realidade das famílias e nos surpreendemos. Há casos onde não há energia elétrica nas residências e também não há saneamento. São famílias de baixa renda e que, em muitos casos, precisam da mão-de-obra dos filhos para contribuir para a geração de renda e subsistência. Por isso vale destacar o esforço que cada estudante faz para frequentar a escola”, explica a pedagoga Edeni Lopes Maia.

Conforme Edeni, a escola é, para a maioria dos estudantes, a melhor alternativa de contato com o mundo. “Os estudantes têm na escola uma referência, um contato direto com o mundo. Eles têm informática, internet, refeições e contato com outras pessoas. Cada vez mais eles se sentem à vontade frequentando as aulas. Eles sabem que a escola é a melhor alternativa para que eles possam ter um futuro melhor”, acrescenta a pedagoga.

Diariamente a secretária Rejane Fátima Malamin Pavoski deixa sua filha de 04 anos com a sogra às 06h00 e espera a van para ir até o distrito do Guairacá. Ela conta que desde que está trabalhando no colégio Benedito, já teve 03 oportunidades de remoção, mas optou pela permanência na escola. “É incrível como os estudantes do colégio respeitam os profissionais. Não há indisciplina e eles têm nos profissionais da escola um exemplo de vida. Ouvimos muitos deles falar que querem trabalhar na educação, como nós. Também são constantes as homenagens que os alunos fazem para os professores e funcionários. Eles realmente têm na escola uma segunda família e isso não tem preço”, afirma a secretária.

Mas tem um preço

Porém, o trabalho executado pelos 27 professores e pelos 07 funcionários na Escola Benedito, do Guairacá, tem um preço. Todos os profissionais se deslocam de Guarapuava até o distrito diariamente. De acordo com a diretora Eva Banczek, os horários de aulas são feitos de maneira a atender os professores para que não tenham que permanecer no colégio enquanto não estão trabalhando.

O deslocamento dos profissionais inicia às 06h00, quando uma van os recolhe em pontos pré-estabelecidos.

O caminho até o Guairacá é perigoso, uma vez que a rodovia é estreita, tem muitas curvas e está em péssimo estado de conservação. Os cerca de 35 quilômetros entre a BR 277 e o distrito do Guairacá são realizados em cerca de 40 minutos. Os professores dizem que o trecho é feito sob muita tensão, principalmente nos horários de maior movimento de caminhões carregados com madeira.

Percorrido o caminho, os desafios continuam na estrutura física. O sistema de comunicações do colégio é ineficiente, com uma linha telefônica com “chiado” constante e internet do governo do Estado extremamente lenta. Até mesmo o simples ato de encaminhar um e-mail torna-se um exercício de muita paciência.

Além disso, o atendimento em dualidade já não atende mais o crescimento das escolas. “O sonho e a expectativa da comunidade é contar com uma nova escola. Ainda esperamos que um dia alguém olhe para a comunidade do Guairacá e avalie quais são as verdadeiras prioridades. Nós atendemos seres humanos e ajudamos a transformá-los em pessoas cada vez melhores. É isso que nos motiva a continuar e melhorar cada vez mais nosso trabalho”, conclui a diretora Eva Banczek.

Cristina Esteche

Jornalista

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