22/08/2023


Política

Parte do funcionalismo está sem receber

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Guarapuava – Parte dos servidores públicos municipais que trabalham na administração municipal foram surpreendidos com um corte nos seus salários já no primeiro recebimento do ano.
Horas extras, gratificações por função e/ou tempo de serviços foram suprimidas do valor a receber, sem qualquer aviso prévio. Há também servidores concursados e cedidos pela Prefeitura para órgãos estaduais que ficaram sem receber o pagamento.
Durante a semana, várias reclamações por esses motivos foram encaminhadas à TRIBUNA e ao site Rede Sul de Notícias.
Na Prefeitura não há um acordo entre as justificativas do prefeito Fernando Ribas Carli com as declarações feitas pela secretária de Administração, Ana Paula Silva Polli Ferreira. Ela diz, por intermédio da Assessoria de Comunicação, que se trata de uma espécie de reordenamento para avaliação da equipe e que as gratificações podem ser remanejadas. Já o prefeito, em entrevista concedida à TRIBUNA, culpa a crise econômica pelos cortes promovidos e anuncia que em janeiro o município amargou queda de 6% na arrecadação.
Esses motivos oficiais estão penalizando famílias. “Quando você trabalha, conta com o dinheiro que vai receber no final do mês para programar suas despesas. Agora, você imaginou chegar na boca do caixa e ver que o seu pagamento não foi feito e não ter nenhuma explicação”?, questiona um concursado municipal, cedido para o Estado.
Assim como o funcionário mencionado acima, outros engrossam a lista das reclamações. Uma senhora que há 10 anos trabalha na Saúde faz coro em outro tom. “Há anos recebia gratificação que dava uma melhorada no meu salário. Fiquei sem esse valor justamente numa época que tenho que comprar material escolar e pagar despesas do mês. O meu dinheiro já era pouco, agora ficou muito pior”, reclama.
Funcionários cedidos pelo município para gabinetes na Câmara também amargam o sabor de não ver o salário no final do mês.
Para alguns a atitude da administração municipal é de retaliação política. “Tem uma técnica do município que é permutada com um secretário municipal que é funcionário estadual. Ela correu atrás e recebeu. Por que essa discriminação”?, questiona outro reclamante.
A secretária municipal de Administração, Ana Paula Silva Polli Ferreira, disse à TRIBUNA, por intermédio da Assessoria de Comunicação, que a Prefeitura está promovendo uma reorganização que é própria de início de mandato para uma avaliação do “corpo da equipe” e que muitos já receberam.
A secretária observou que há funcionários cedidos em parceria há mais de 15 anos e que até agora não há nenhum acordo formal. O prefeito Fernando Ribas Carli foi reeleito para o seu terceiro mandato; dois deles, consecutivos.
Disse também que os detentores de cargos em parceria com o Estado que não receberam o pagamento é porque os órgãos parceiros não encaminharam o Termo de Acordo em tempo hábil. “Tenho informações do próprio Departamento Pessoal da Prefeitura que o pedido renovação da minha parceria foi feito no dia 16 de dezembro do ano passado e que o meu cheque estaria na mesa do prefeito para ser assinado. Até agora, nada”, diz um funcionário que presta serviços para o Estado na área da saúde.
Segundo a Assessoria de Comunicação, Ana Paula informou que os salários foram retidos até que a situação seja regularizada. O tempo em que esses funcionários ficarão sem receber o salário não foi previsto.
Carli dá outra versão e atribui os cortes à crise financeira mundial que, segundo o prefeito, já atinge Guarapuava. “Nós devemos fazer isso, se as empresas privadas estão fazendo isso. Nós não podemos demitir, assim com várias empresas privadas vêm fazendo. Então precisamos diminuir as despesas, e uma maneira é com horas-extras”, justifica o prefeito.
“Temos que estar preparados e não podemos chegar no dia de fazer os pagamentos e não termos dinheiro. Estamos avaliando como a crise vai atingir a arrecadação. Já tivemos queda no mês de janeiro em torno de 6%, que reflete o movimento de dezembro e nós sabemos que dezembro, é o mês com maior movimento do ano. Temos que ver como serão os meses de fevereiro e março para daí termos uma avaliação mais precisa”, avisou.

Cristina Esteche

Jornalista

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