22/08/2023
Política

Concurso da Câmara tem “cartas marcadas”, denuncia Almira Angelucci

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Um concurso com “cartas marcadas” e uma relação de nomes que deverão serem aprovados no processo seletivo. Esta foi a denúncia feita pela vereadora Almira Angelucci (PTB) na tribuna da Câmara durante a sessão desta terça-feira, dia 14.

De acordo com a vereadora, em dezembro de 2011 ela já tinha pedido o cancelamento do concurso pela mesma razão da denúncia atual. “Uma das ex-mulheres do ex-presidente Admir Strechar e outras pessoas ligadas diretamente a ele estavam inscritas e existia uma lista de quem seria aprovado”, diz a Almira. O concurso foi suspenso e novo processo seletivo está sendo ofertado, mas com vagas reduzidas. Estão sendo ofertadas 7 contras as 15 abertas anteriormente. Entretanto, segundo a vereadora, existe uma nova lista com o nome dos possíveis beneficiados.

As incrições para esse concurso foram encerradas ontem, segunda-feira, e o número de inscritos ainda não foi divulgado nem mesma à Comissão do Concurso. "Teremos essa informação apenas na quinta-feira", disse Cauê Gapski Pereira.

 

Outro detalhe que coloca o concurso em suspeição e que também foi levantado pelo vereador Elcio Melhem (PP) é o fato da empresa responsável pelo processo ser a mesma licitada para o concurso cancelado: o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Urbano e Social (IBDUS).
“Essa empresa não possuía nem endereço. Agora é que tem”, afirma Melhem. “Na própria Internet onde tem o endereço dessa empresa diz que não é válido para receber correspondência”, emenda Almira.

 

O presidente interino da Câmara, João do Napoleão disse que manteve o IBDUS porque houve uma redução de R$ 10 mil sobre o valor do concurso de 2011. Serão pagos R$ 39 mil. “Mas houve redução no número das vagas”, observa Melhem.

 

A denúncia de Almira, porém, não para por aí. A vereadora também denunciou o concurso feito por Strechar em 2007 quando foram aprovadas várias pessoas ligadas diretamente ao peemedebista. “A empresa que fez o concurso em 2007 pode não ser a mesma que vai realizar o concurso deste ano, mas a pessoa que intermediou os dois processos é a mesma. Sei que houve até um racha entre o ex-presidente e esse intermediário”, afirma. A vereadora diz que possui farta documentação comprobatória cujas cópias já foram entregues ao promotor Claudio Cortesia e outras serão encaminhadas ao promotor William Gil, responsável pela Promotoria que trata do patrimônio público. “Só não fiz porque ele (William Gil) estava viajando”, diz a vereadora à RSN. A vereadora também não quis citar o nome do intermediário, mas garante que fará isso em breve.

 

De acordo com Almira, um dos funcionários aprovados nesse processo seletivo confessou que não saberia responder nenhuma das questões apresentadas. “Esse funcionário disse que até o seu nome ele errou, mas foi aprovado porque o gabarito das provas foi entregue com antecedência. Outras pessoas também foram beneficiadas”, diz. A vereadora disse à RSN que está coletando mais informações e que espera conseguir anular o concurso.

 

Para discutir quais medidas serão tomadas em relação ao atual processo seletivo que deverá ser ofertado será realizada uma reunião entre os vereadores. “Vamos convidar o promotor William Gil para participar”, disse João do Napoleão. O dia e o horário ainda serão agendados.
Almira pediu que o contador da Câmara, Eugenio Zolimger participe desse encontro.

A RSN tentou contato com o Instituto, mas foi informada de que o seu diretor encontrava-se em viagem.

Cristina Esteche

Jornalista

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