Mesmo com o calor intenso durante a tarde, o frio de manhã e de noite está afastando os clientes dos vendedores de sorvete na cidade, que em grande parte, andam o dia todo entre as ruas de Guarapuava para conseguir menos de R$ 100,00 por mês. Benjamin Ferreira dos Santos, de 56 anos, vende picolé nas ruas de Guarapuava todos os dias a fim de aumentar o sustento da família de 4 pessoas, que vivem atualmente apenas com o auxílio do Bolsa Família. “Tenho que vender 50 picolés de R$ 0,75 à R$ 2,75 para conseguir só R$ 20,00”, conta.
Benjamin, que trabalhava na safra de batata no Rio Pedrinho, pretende voltar para Santa Catarina, onde também já trabalhou na lavoura, para tentar melhorar a vida da sua família. “Vou deixar minha esposa com diabetes e meus filhos com Deus e Nossa Senhora. Vou voltar para lá porque aqui não consigo tirar o sustento da minha casa”.
Mas Benjamin não é o único a sofrer com essa realidade. Doacir Leite dos Santos, de 54 anos, anda por toda a cidade à 3 anos para conseguir pagar o aluguel de um quarto no Jordão. Doacir, que trabalhava como guardião, quebrou as duas pernas em um acidente de trabalho e o médico que o atendeu quis amputar as suas duas pernas. “Eu não deixei. Falei com meu pai e ele disse que Deus ia curar minhas pernas. Hoje eu ando pela cidade toda levando esse carrinho de picolé”, conta.
Viúvo à 12 anos, Doacir vive com menos de R$ 20,00 por dia com os picolés que consegue vender. “Não dá para sobreviver. Tenho que procurar grama para cortar e uns terrenos para carpir pra ver se consigo tirar um dinheirinho a mais”, explica.