22/08/2023
Política

Índios desocupam sede do PT em Curitiba

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Um grupo de cerca de 20 índios kaygangues da reserva indígena de Mangueirinha desocuparam a sede do PT, em Curitiba, por voltas das 16h00 da tarde desta segunda feira (03).

 

De acordo com a secretária de Organização do PT no Paraná, Zuleide Maccari, os índios aceitaram desocupar a sede do partido após a confirmação de uma audiência na Casa Civil, em Brasilia, com a presença dos ministros Gleisi Hofmann, da Casa Civil, e da Justiça, José Eduaardo Cardozo. A audiência está marcada para o próximo dia 11 de junho.

 

Entenda o caso

 

Representantes da população indígena do Paraná ocuparam a sede estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) em Curitiba nesta segunda-feira. A organização do protesto relata que às 08h00 cerca de 30 pessoas entraram no escritório, que fica na Alameda Princesa Isabel, no bairro São Francisco, com o objetivo de suspender as atividades no local durante um dia. Eles reclamavam da postura da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), em relação à titulação de terras indígenas no Paraná e exigem que ela retire as declarações feitas e que o governo assine a demarcação das terras indígenas.

 

De acordo com o líder do movimento, Cretã Kaingang, a ministra suspendeu 11 processos de reconhecimento de terras indígenas chamados de portarias declaratórias. Esses documentos antecedem o reconhecimento de fato de uma determinada reserva indígena.

 

O processo inicia com esse documento e segue um trâmite de laudos técnicos e estudos antropológicos até que um determinado terreno seja reconhecido como indígena. Esse trâmite pode levar até 20 anos, segundo o líder do movimento.

 

Os índios que estavam no local viajaram durante a madrugada para Curitiba em um ônibus, que partiu da Região Sudoeste do Paraná. Eles dizem que a mobilização faz parte de uma mobilização de vários caciques e lideranças indígenas de toda a Região Sul do Brasil, local onde está a maior parte dos terrenos indígenas. Eles prometem que nos próximos meses, caso suas reivindicações não sejam atendidas, farão várias mobilizações para que o governo se sensibilize com a questão da demarcação das terras.

 

“No Mato Grosso do Sul foi suspensa a portaria declaratória daquela região e o juiz mandou retirar os indígenas das terras. Eles reagiram e acabaram morrendo parentes (como se referem a índios de outras etnias). Nós, no Paraná, estamos na mesma situação, então pode ter mais mortes se essas portarias não voltarem. E só morrendo índio e a imprensa noticiando para conseguirmos a atenção do governo para nossa situação”, disse Cretã Kaingang.

 

De acordo com os manifestantes, hoje, no estado, existem cerca de 18 mil indígenas. São reconhecidas oficialmente no Paraná 12 reservas, a maioria delas no Norte e no Sudoeste. Outras 11 terras – que são alvo da suspensão das portarias – estão em fase de disputa.

 

“Atualmente muitas das nossas famílias estão vivendo em barracas de lona, sem escolas e assistência médica. Criem políticas para nós, não criem conflito”, reivindicou o líder da ocupação.”

Cristina Esteche

Jornalista

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