O caso que investiga a morte da advogada Tatiane Spitzner, ocorrido em 22 de julho, após a vítima ser jogada da sacada do quarto andar de seu apartamento, em Guarapuava, entra em uma nova fase. Desde o oferecimento da denúncia feito pelo Ministério Público (MP) contra o réu Luís Felipe Manvailer, então marido de Tatiane, em 6 de agosto, o processo seguia em uma disputa jurídica. Com a divulgação do laudo de necropsia ocorrida ontem (20), que apontou a causa da morte da advogada por asfixia e não como decorrente da queda, o caso passa a uma nova instância.
De acordo com a promotora do MP, Dúnia Rampazzo, “agora quem dá o impulso processual é a juíza”. À frente do caso, é Paola Mancini quem definirá quais os próximos passos que serão seguidos dentro do processo. “Via de regra, [haverá] audiência para oitiva das testemunhas e reconstituição, caso seja deferida”, declarou a promotora ao Portal RSN.
Até a divulgação do laudo de necropsia com a causa da morte de Tatiane, os advogados de defesa ainda não haviam apresentado resposta à acusação oferecida pelo MP. Equipe da defesa técnica do réu, representada pelos advogados do escritório Dalledone & Advogados Associados, alegavam que era necessário a divulgação do resultado do laudo com informações conclusivas sobre a causa da morte, já que, em depoimento, Luís Felipe Manvailer havia declarado que Tatiane teria se jogado da sacada. O então marido da vítima está preso na Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG) há mais de 60 dias. Ele foi detido pela Polícia Civil de São Miguel do Iguaçu, próximo à fronteira do Brasil com o Paraguai, poucas horas após a morte de Tatiane, em 22 de julho.
Do outro lado, MP e o advogado auxiliar de acusação da família de Tatiane, Gustavo Scandelari, do Escritório Professor René Dotti, defendiam que as informações já recolhidas e anexadas ao processo eram suficientes para embasar a denúncia contra Manvailer por homicídio qualificado, fraude processual e cárcere privado. Integrando o inquérito, estão imagens do circuito interno de câmeras de segurança do prédio residencial onde o casal vivia que registraram Luís Felipe agredindo Tatiane, de modo de progressivo, conversas via WhatsApp entre Tatiane e amigas, com relatos da advogada sobre seu relacionamento com Manvailer e, ainda, depoimentos de testemunhas recolhidos. Tais materiais foram considerados efetivos para a conclusão do MP sobre a prática do feminicídio por parte de Manvailer contra Tatiane. Agora, além de tais documentos, o caso também conta com a anexação dos laudos de exame de local, de simulação de queda, laudo do veículo do casal e o laudo de necropsia.
POSICIONAMENTO FRENTE AO LAUDO
Após a divulgação do exame com a causa da morte nessa quinta (20), o advogado auxiliar de acusação da família de Tatiane, declarou, em nota, que “A família Spitzner recebe com muita tristeza a confirmação de que Tatiane já estava morta quando foi jogada da sacada por Luís Felipe Manvailer. […] Para o advogado da família de Tatiane, Gustavo Scandelari, o laudo confirma todas as suspeitas: ‘não houve suicídio. O acusado a matou dentro do apartamento e jogou pela sacada. Trata-se de feminicídio, seguido de fuga do criminoso’”, diz.
Já a defesa de Manvailer, declarou “que tão logo seja intimada a respeito do conteúdo dos laudos, os submeterá aos assistentes técnicos com expertises nas matérias para posteriormente, nos autos, se pronunciar”.
Até o momento, a juíza Paola não se manifestou sobre nova ação no caso.