22/08/2023
Guarapuava Segurança

Justiça rejeita prova determinante para a defesa de Manvailer

Defesa de Manvailer afirmou que é uma "tentativa de esconder os fatos". Acusação rebate que só resta a Manvailer "fazer alegações que não interessam aos fatos"

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Tatiane morreu em 2018 (Foto: Arquivo/RSN)

O julgamento de Luis Felipe Manvailer, que ocorre nesta quarta (10), a partir das 9h no Fórum de Guarapuava, teve mais um desdobramento. Desta vez, a defesa do réu preso teve uma ‘evidência’, considerada determinante para provar a inocência dele, mas que foi indeferida pelo juiz da Vara do Tribunal do Júri, Adriano Scussiatto Eyng.

Conforme as informações da defesa de Luis Felipe, um trecho de vídeo das câmeras de segurança do edifício onde a advogada Tatiane Spiztner morreu em 2018, possibilitaram laudos de leitura labial que comprovariam a tese de suicídio, sustentada desde o início das investigações pela defesa do acusado.

No vídeo apresentado à Justiça, há o relato de um morador vizinho que teria visto o que ocorreu na madrugada da morte da advogada. Conforme um laudo de leitura labial do Centro de Perícias Curitiba, contratado pela defesa de Manvailer, quatro pessoas entram no elevador e uma delas afirma: “Eu vi ela se jogando, ai quando eu fui ligar pra polícia ouvi um barulho e pá”.

Conforme a defesa da Família de Tatiane, “o juiz mandou tirar dos autos os arquivos da defesa [Manvailer], pois foram juntados muito próximos à data do júri”. Os advogados dele foram procurados pela reportagem e afirmaram que não consideram que o indeferimento do juiz prejudique a estratégia da defesa do réu preso, pois o “conjunto de evidências demonstra que Tatiane caiu da sacada”.

Porém, a rejeição “apenas reforça a necessidade de esconder a realidade dos fatos”. Sobre esta afirmação, os advogados de Tatiane afirmaram ao Portal RSN que “os fatos já são todos conhecidos: Manvailer assassinou Tatiane e fugiu. Como ele preferiu não confessar, só lhe resta fazer alegações que não interessam aos fatos”.

Os advogados de Manvailer estão em Guarapuava desde o último fim de semana. Já os da família de Tatiane devem chegar na noite de hoje (9).

FATOS

Antes da primeira data prevista para o julgamento em dezembro do ano passado, a defesa do réu informou que advogadas que defendem os direitos da mulher em diversos estados brasileiros se apresentaram para defender Manvailer. Na ocasião, procurado pelo Portal RSN, o advogado da família de Tatiane, afirmou na ocasião que “não conhece nenhuma mulher que o defenda. Mas até Hitler teve apoiadores, muito mais do que este réu preso”.

Além disso, nos dias seguintes, a defesa de Manvailer divulgou uma perícia feita pelo Instituto de Criminalística do Paraná a partir da extração de dados do notebook de Tatiane. De acordo com o texto ela mantinha pensamentos suicidas frequentes e passava, aparentemente, por quadro agudo de depressão.

Além disso, ainda na semana anterior a primeira data estabelecida, o réu preso falou pela primeira vez, em rede nacional, sobre o caso.

JÚRI

No dia 17 de maio de 2019, a Justiça determinou que o réu ia a júri popular. Em 20 de julho de 2020, a Justiça novamente se manifestou. Desta vez, pediu o agendamento do júri. Por fim em 14 de setembro de 2020 a data ficou definida. Entretanto, devido ao resultado positivo para covid-19 de um dos advogados, o júri foi adiado para 10 de fevereiro.

O caso, que teve repercussão internacional, movimentou a opinião pública e ganhou notoriedade em todos os setores da sociedade pode ser um dos maiores júris da década no Brasil. Isso porque o processo é complexo, e o inquérito e a instrução conflitam. Ele é acusado de matar Tatiane Spitzer, esposa dele na época, após jogar ela da sacada do apartamento do casal e depois fugir do local.

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Cristina Esteche

Jornalista

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