22/08/2023
Brasil

Se a árvore está oca, outra precisa ser plantada

“Não ao dinheiro sujo”. Esta frase é do Papa argentino, Francisco, que nos ensina com seu posicionamento claro como ser líder neste século XXI.  Ao chamar a responsabilidade para cuidarmos da casa comum, dá o tom de que hoje estamos carentes de lideranças mundiais.  E em nosso País? E em nossa cidade?  De fato, o veredicto é que “não importa de quem [se dos empreiteiros para o PT; se dos empreiteiros para integrantes de outros partidos], devemos arrancar esta árvore oca”. O fato é que a ação do dinheiro sujo está enterrando o que de bom foi feito pelo Estado e pela política, seja para si próprio, seja para o grupo político pertencente.

O desmoronamento está existindo porque a eleição presidencial de 2014 foi uma mentira.  Um estelionato. Aquela polarização de esquerda e direita foi falsa.  Pessoas foram usadas para justificar o injustificável. Lula e o PT do alto estão sendo condenados por terem feito um pacto com o grande capital, com as grandes empreiteiras [ mas não em benefício do País, mas sim, privado ], coisas que sempre se disse dos neoliberais, do centro e da suposta direita.  O que sobrou àqueles catequizados de plantão do PT moribundo, aqui e ali, é dizer que todo mundo faz o que dizem que eles estão fazendo.

 De tudo o que se leu e se ouviu nos últimos dias, um ponto merece  crédito: a clareza da simetria e o tratamento igual àqueles que deterioram o País deve ser a obsessão do Ministério Público Federal, não separando Abel de Caim. Portanto, a cruzada deve ser de Lula a Aécio. De Cunha a Calheiros. De Richa aos que estão mais próximos.  Significa que todos os atores envolvidos nesta trama devem ser punidos.

Penso que a boa esquerda não pode defender o que está defendendo [o poder pelo poder e a ilicitude escancarada], pois quanto mais ela defende isso, menos ela terá condições de recuperar  a herança saudável de ações positivas que, de fato, foram realizadas.  É justo que haja manifestação, mas não para defender o uso do dinheiro sujo e sim o saldo positivo de alguns anos de um governo popular; mas não para defender a entrada no Governo de outros iguais ou piores, tão suspeitos cujas práticas são tão desprezíveis quanto estas [por outro lado].

Infelizmente a tão esperada "saída para o Brasil" tem sido objeto de uma disputa de gângsters, de cães selvagens, contribuindo para a passividade que leva toda a boa esquerda  e boa direita ( e suas bandeiras justas ) para o mesmo túmulo.

É injustificável uma mobilização para defender a relação promíscua entre empreiteiros e políticos. É sim justificável a coragem da verdade e fazer de tudo isto um grande aprendizado para buscarmos novas práticas de inovação da democracia.

O lamentável é a depressão política de que ninguém consegue mais prometer nada [na política] por absoluta falta de lideranças expressivas. Nossas expectativas estão baixíssimas.

A cura para o Brasil, para o Paraná e para nossa cidade parece estar na construção consensual de novos atores políticos, quanto mais distantes do aquário atual melhor.

A cura pode estar  em criarmos um ambiente para que gerações limpas  busquem novos rumos e isto se faz em considerar nomes sem vícios políticos. Será com líderes fortes desprendidos do dinheiro sujo que poderemos imunizar nossa nação e cidade de experts conhecidos  e semear  esperanças permanentes do que manter  uma nação e uma cidade com agregados de indivíduos.

Acredito que, em última análise, a função do líder necessário, sobretudo em tempos caóticos é espalhar esperança de que é possível ter esperança, dando novos encaminhamentos viáveis e racionais e reconhecer que se árvore está oca, outra precisa ser plantada.

 

Cristina Esteche

Jornalista

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