22/08/2023
Brasil

Somos urubus?

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A podridão que envolve o Governo Temer está sobre a mesa posta. Literalmente, o banquete se deteriora pela ganância que patrocina ações fraudulentas para matar a fome de um povo ávido por justiça, mas enfraquecido pela força de um gigante que teima em continuar dormindo em berço, que ele [o gigante debilitado] pensa ser esplêndido.

Durante a semana que ora se finda fomos surpreendidos pelo escândalo envolvendo mais de 30 empresas alimentícias acusadas de mudar a data de vencimento de carnes estragadas, maquiar seu aspecto esverdeado e até usar químicos cancerígenos para despistar o mau cheiro, e servir até alunos que, na maioria, têm na merenda escolar a única refeição do dia. Será que somos urubus? É isso o que pensam, inclusive, as duas das principais exportadoras do país – e maiores fornecedoras mundiais de carne -, a JBS e a BRF, nascidas da união comercial da Sadia e Perdigão, numa negociação financiada e envolvendo altas cifras do dinheiro público?

Assim como a saúde da população que consumiu carne podre sei lá por quantos anos, o estado da economia nacional segue se deteriorando. Para se ter uma ideia do que estou falando, o Brasil é segundo exportador de carne bovina do mundo e o maior de frango. Ocupa o quarto lugar nos embarques de suínos e tem o maior rebanho comercial de gado bovino do mundo, com 214 milhões de cabeças.

Somando a suinocultura, a bovinocultura e o setor de frango, é possível ver que esses segmentos foram responsáveis por 6,9% das exportações brasileiras em 2016, o equivalente a R$ 11,6 bilhões. Com o escândalo da podridão, o agronegócio pode ter impacto negativo, sim. É um duro golpe num dos maiores pilares da fragilizada economia brasileira, tão desgastada com escândalos políticos, que vão desde o golpe na democracia até o cruel pagamento de propina por parte de frigoríficos a fiscais agropecuários que deram sinal verde para a liberação de alimentos podres servidos à mesa da população. A imprensa internacional, novamente, tripudia nas manchetes escancarando novo escândalo em verde e amarelo. Cores sugestivas, não?!

A julgar por tudo o que vem acontecendo nesta nova era, perdeu-se a noção de tudo. O homem – no sentido humanidade –  perde para os chamado seres irracionais. Cada vez mais, as evidências nos esfregam na cara a força corrompida que impera no poder. Agem como se fossem donos do mundo, intocáveis, inatingíveis. Como já disse em comentário anterior, tudo pelo vil metal. Que o diga o PMDB, partido de Michel Temer, a quem cabia dar apoio político para manter nos cargos fiscais corruptos e intermediar decisões públicas de interesse empresarial. Em troca de quê? De grana, sempre! Ah! Sobrando também para o PP. 

Pois é! Aos poucos o cardápio da corrupção vai sendo colocado à mesa. E num país que já viu praticamente de tudo está ficando cada dia mais confuso saber a diferença entre o que é normal e o que é absurdo.

Em tempo: Sei que a Polícia Federal teve que esperar dois anos de investigações para então desmascarar o esquema da carne podre, mas foi justo permitir que a população consumisse produtos impróprios, nocivos à saúde,  por todo esse tempo?   

Cristina Esteche

Jornalista

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