22/08/2023
Em Alta Guarapuava Segurança

Delegada contesta dados de estupro em Guarapuava e aponta falha na pesquisa

Anuário Nacional de Segurança Pública mostra que há 87 estupros a cada 100 mil habitantes. A Delegada afirma que a taxa real é de 14 casos

Violência contra a mulher

Marido agrediu a esposa com socos (Foto: Reprodução/Freepik)

Guarapuava ocupa o oitavo lugar no ranking nacional das 50 cidades brasileiras com maior índice de estupro de vulnerável, segundo dados do Anuário Nacional de Segurança Pública de 2023. No entanto, de acordo com a Delegada da Mulher Ana Hass, esses números não configuram a realidade do município. A pesquisa revelou 87 casos por 100 mil habitantes. Mas a delegada diz que são 14 casos a cada 100 mil habitantes.

Os parâmetros utilizados pra chegar nessa média pelos profissionais que fizeram essa pesquisa foi única e estão somente nos boletins de ocorrência. Então, por muitas vezes esse boletim de ocorrência não tem futuro. Pode acontecer da autoridade policial entender durante o processo que aquilo não é um crime de estupro de vulnerável.

Em conversa com o Portal RSN, a delegada revelou que uma análise mais detalhada dos procedimentos investigatórios reduziria consideravelmente esses números. A pesquisa deveria levar em consideração não apenas os dados inicialmente reportados, mas também os casos efetivamente confirmados por investigações e inquéritos policiais. Ainda, haveria uma redução maior se contabilizado os casos que resultaram em condenações judiciais.

Conforme a Delegada, há outra situação que deveria ser levada em consideração. A Delegacia da Mulher e de Crimes Sexuais não atende apenas as ocorrências desses tipos de crime em Guarapuava. Também abrange atendimentos e assistências em outros municípios como Condói, Jordão, Turvo e Campina do Simão. Ou seja, muitos desses casos podem não ter ocorrido em Guarapuava.

ANÁLISE

A forma de coletar e apresentar os dados no anuário levanta questões sobre a precisão das estatísticas divulgadas. A dependência exclusiva de boletins de ocorrência para determinar índices de crimes é problemática, pois esses documentos muitas vezes não indicam crimes confirmados. Um boletim de ocorrência pode ser registrado por diversas razões, e nem todos os casos resultam em investigações profundas ou na correta classificação dos crimes.

Essa metodologia de pesquisa pode criar uma visão distorcida da realidade, ‘exagerando’ na incidência de crimes e levando a uma interpretação errônea da segurança pública em uma determinada cidade. Além disso, a falta de dados sobre o desfecho dos casos e a inclusão de denúncias não investigadas podem inflar artificialmente os índices de criminalidade.

Por fim, futuras pesquisas devem considerar a evolução dos casos após o registro do boletim, incluindo investigações e julgamentos, para fornecer uma imagem mais precisa da realidade dos crimes. Além disso, uma melhor análise pode ajudar a direcionar melhor as políticas públicas de segurança e rever recursos mais eficazes.

DENUNCIE

Denunciar e registrar um boletim de ocorrência é essencial para garantir justiça e proteção às vítimas de crimes. Pois eles permitem a abertura de investigações, a coleta de evidências e a monitorização de padrões de criminalidade pelas autoridades. Assim, o registro formal ajuda na responsabilização dos agressores e ainda oferece à vítima acesso a apoio psicológico e jurídico.

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