Dois fatores contribuem para que Guarapuava tenha histórico de suicídios: consanguinidade e clima frio. A afirmação foi feita pelo psiquiatra Cleber Ferreira ao Portal RSN, nesta sexta (17), logo após a notícia da morte da jovem Amanda Andrade, de 18 anos de idade.
Uma das causas, e que chama a atenção, é o fator genético. “Quando pegamos a história de Guarapuava, vemos que as famílias antigas se casavam entre primos, para não dividir terras. Eram pessoas do mesmo tipo sanguíneo que casavam e tinham filhos. Isso foi e é uma predisposição para o surgimento de doenças mentais”. Segundo o psiquiatra, começaram a surgir casos de pessoas que tiraram a própria vida.
A consanguinidade, ou a relação entre pessoas que apresentam determinado grau de parentesco, e que tenham pelo menos um ancestral em comum, predispõe à depressão, mais doenças genéticas, de comprometimento mental. “Da mesma forma isso resultou em suicídios”. Segundo o psiquiatra, com o passar dos anos, as famílias acabam tendo esse histórico que é um fato que contribui para novos casos na família. E em Guarapuava, por conta dessa consanguinidade é que aparecem muitos casos de suicídios”.
De acordo com uma pesquisa do Conselho Nacional da Sociedade de Genética dos Estados Unidos, o risco de um casal sem parentesco gerar um filho com deficiência é de 3%. Já para casais que têm consanguinidade, o risco sobe para quase 6% ou 8%.
O segundo fator levantado pelo psiquiatra Cleber Ferreira é o clima frio, típico de Guarapuava. “Com as baixas temperaturas a produção de serotonina é baixa”. A serotonina é um neurotransmissor que proporciona a sensação de bem-estar e é essencial contra depressão e ansiedade.
Por isso, é urgente que o debate e as políticas públicas contra a depressão e suas consequências sejam implantadas.
Um detalhe importante levantado pelo médico é que as mulheres lideram as mortes por suicídio por causa de fatores hormonais, enquanto os jovens, pela impulsividade.
GENES
Segundo o site Estudo Prático, que trata de biologia e genética, os genes nada mais são do que as partículas pequenas do corpo que carregam o material genético, ou seja, o DNA e o ácido dioxirribonucleico. Estes são responsáveis pela produção da proteína que determina e transmite os caracteres hereditários.
Nos casamentos consanguíneos, como cita o psiquiatra Cleber Ferreira, em que o casal é formado por parentes próximos, as chances de genes recessivos – responsáveis pela produção das proteínas que são consideradas defeituosas – se combinarem são significativas.
Segundo o site InfoEscola, isso se acentua com o grau de consanguinidade, ou seja, quanto mais próximo for o parentesco (pais, filhos, irmãos, avós, tios e primos de primeiro grau), maior a probabilidade de duas pessoas compartilharem os genes recessivos.
Os genes recessivos normalmente estão ligados a características como cores, mas caracterizam também síndromes e doenças causadas por genes recessivos anormais. Como exemplo, o daltonismo, albinismo, miopia e hemofilia. Ou ainda, cabelos louros e ruivos, olhos azuis, verdes, tipo sanguíneo negativo, miopia, entre outros.
A predisposição a doenças mentais também é uma das consequências da consanguinidade.