Ana Paula Burko pode ir para o NOVO

No fim da tarde do último sábado, recebi em minha residência o ex-prefeito Vitor Hugo Burko, acompanhado pelo ex-diretor-presidente da SURG, Flávio Silvestri. Em meio a uma conversa carregada de vivacidade, principalmente por parte de Burko, o tema central era um movimento já ventilado em alguns blogs da capital do estado: o futuro político de Ana Paula Burko, esposa do ex-prefeito.

Burko confirmou o que era um rumor. Conforme Burko, Ana Paula recebeu um convite formal para se filiar ao partido NOVO. Partiu diretamente pelo deputado estadual Fábio de Oliveira. E a intenção por trás desse convite é clara: lançá-la como pré-candidata a deputada estadual.

O fato de a notícia já ter sido explorada pela imprensa de fora apenas confirma a relevância e o potencial de impacto dessa movimentação. No entanto, o que cabe analisar aqui é a estratégia política que essa jogada representa, tanto para a família Burko quanto para o próprio deputado do NOVO.

FÁBIO BUSCA LIDERANÇAS DE PESO

A iniciativa de Fábio de Oliveira, no meu entendimento, demonstra uma busca ativa por lideranças regionais fortes que possam capilarizar o palanque do NOVO. Assim como, indiretamente, fortalecer a própria candidatura dele  à reeleição. Ao convidar Ana Paula, o deputado garante a atração de um nome com base eleitoral consolidada na região de Guarapuava. Se trata de algo crucial para um partido que precisa expandir a representatividade. A família Burko, caso aceite,o convite, insere-se na estrutura do NOVO e garante um caminho para a retomada do protagonismo na política paranaense.

O ROTEIRO CLÁSSICO DA SUCESSÃO

A ascensão do nome de Ana Paula segue um roteiro quase canônico, e extremamente eficaz, na política brasileira: a da sucessão familiar. Se o marido deixa um cargo eletivo ou busca uma readequação na carreira, a esposa é lançada para manter o capital eleitoral da família ativo e visível. É a transferência do patrimônio político – o sobrenome, a base eleitoral, as alianças consolidadas – para um novo rosto dentro do mesmo núcleo, buscando garantir um assento na Assembleia Legislativa.

O ponto de fricção e de maior interesse analítico, no entanto, reside na troca partidária. Ana Paula está filiada ao PL e era considerada um dos pilares da campanha vitoriosa do prefeito Denilson Baitala. Entretanto, ela e Burko já deixaram esse núcleo político logo após as eleições.

O DILEMA

A migração para o NOVO seria um movimento de’ distanciamento’ da base do PL liderada pelo atual prefeito de Guarapuava. Burko admitiu estar avaliando cuidadosamente a possibilidade da troca. Não é uma decisão simples: implica pesar a força da base do PL que tem Baitala como prefeito, contra o discurso de renovação e o espaço garantido que o convite de Fábio de Oliveira, via NOVO, oferece para a disputa majoritária. O NOVO, cabe lembrar, conta apenas com dois vereadores em Guarapuava.

No fim das contas, a conversa que tivemos foi uma confirmação de que os movimentos no tabuleiro político para as próximas eleições estão sendo feitos com precisão cirúrgica, conforme disse Burko. A candidatura de Ana Paula Burko, se concretizada, será um teste de como a estratégia de Fábio de Oliveira consegue aliar o apelo da “nova política” com o peso eleitoral de sobrenomes tradicionais. É o sobrenome Burko em jogo, buscando garantir um assento e retomar o protagonismo.

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