22/08/2023
Economia

Indústria paranaense inicia segundo semestre em desaceleração

Tradicionalmente marcado por expansão das vendas industriais, o mês de julho apresentou alta de 0,70% em relação ao mês anterior. Apesar do desempenho positivo, este é menor aumento nas vendas industriais registrado nos últimos três anos. Em julho de 2010 este índice foi de 2,40% e em julho de 2011 de 2,30%.

No acumulado dos primeiros sete meses do ano, a expansão das vendas foi 2,55% maior do que a registrada no mesmo período de 2011. Os números foram divulgados nesta terça-feira (04) pelo departamento econômico da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).

De acordo com o estudo da Fiep, o resultado de julho se deve à performance positiva de nove dos 18 gêneros pesquisados, entre eles dois daqueles de maior participação relativa na indústria paranaense: ‘Alimentos e Bebidas’, que subiu 5,16%, e ‘Refino de Petróleo e Produção de Álcool’, com alta de 7,28%. Também tiveram bons resultados na passagem de junho para julho os setores de ‘Têxteis’, (23,40%), devido à sazonalidade do algodão; ‘Minerais não Metálicos’, (14,13%), fruto da recuperação do setor em relação aos meses anteriores; e ‘Celulose e Papel’ (13,36%) decorrente do aumento de pedidos.

Na outra ponta, as maiores quedas foram registradas nos setores de ‘Material Eletrônico e de Comunicações’, com queda de 25,34% decorrente da redução da demanda; ‘Veículos Automotores’ – um dos três itens de maior participação relativa na indústria do Paraná -, que recuou 16,55% frente ao mês anterior por conta da base de comparação elevada, puxada pela redução do IPI dos automóveis em maio e junho; e ‘Metalúrgica Básica’, que caiu 13,07% fruto da menor demanda no período.

Segundo o presidente da Fiep, Edson Campagnolo, estes números apontam para um quadro desfavorável para a indústria paranaense. “Podemos dizer que acendeu a luz amarela. Depois de um primeiro semestre tímido, acompanhamos o início do segundo semestre com a indústria em franca desaceleração. Esse cenário é marcado por incertezas, o empresário não tem sinais claros para tomar suas decisões de investimento e produção”, afirma, referindo-se às medidas pontuais do governo federal na área da economia, e da ausência de políticas estruturantes para o setor industrial.

O uso da capacidade instalada do parque industrial paranaense caiu um ponto percentual em julho, situando-se em 76%. Este nível é quatro pontos inferior ao registrado em julho de 2011 e igual ao registrado em fevereiro deste ano, historicamente o mês de menor atividade industrial por conta de férias e feriados de carnaval.

O nível de ociosidade na indústria paranaense é maior que a média de 24% em nove dos 18 gêneros pesquisados, ou seja, metade dos setores têm ociosidade maior do que o normal.

O coordenador do Departamento Econômico da Fiep, Maurílio Schmitt, explica que estes resultados também são influenciados pela quebra da safra agrícola, que tem impacto em diversos setores, como o de Alimentos e Bebidas, um dos mais representativos da indústria do Paraná. “Essa perda do dinamismo deve ser revertida com a hipótese de um bom desempenho da nossa próxima safra agrícola”, observa.

Emprego e salário – Em julho, o nível de emprego teve alta de 0,93%, com resultados positivos em oito dos dezoito gêneros pesquisados. O emprego diretamente ligado à produção subiu 0,39%. Entre janeiro e julho o resultado acumulado contra igual período de 2011 apresenta incremento de 2,77% no ‘pessoal empregado total’ e de 3,27% no ’pessoal empregado na produção’.

Os principais aumentos em julho se deram em ‘Vestuário’ (16,48%) e ‘Máquinas, Aparelhos e Materiais Elétricos’ (3,45%). As quedas mais significativas foram registradas em ‘Metalúrgica Básica’ (-5,62%) e ‘Borracha e Plásticos’ (-2,11%).

A massa salarial líquida apresentou em julho aumento de 7,24% na comparação com junho, e as horas trabalhadas expandiram-se 5,43%, após a queda atípica de -8,40% registrada em junho.

Com assessoria

Cristina Esteche

Jornalista

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