22/08/2023
Economia

Montadoras suspendem contratos de 2,8 mil funcionários no ano

Com a baixa nas vendas, grandes montadoras de carros, caminhões e ônibus continuam adotando medidas para reduzir a produção. Juntas, Ford, Volkswagen, Mercedes-Benz e Man Latin America suspenderam temporariamente os contratos de 2,8 mil funcionários neste ano. A General Motors ainda negocia o chamado lay-off com sindicato de trabalhadores. O setor emprega atualmente 150,3 mil pessoas no Brasil – número 4,2% menor que o registrado em julho de 2013 (156,9 mil).

As férias coletivas foram o recurso mais usado pelas montadoras até então: muitas pararam durante a Copa do Mundo. Mesmo assim, continuam os anúncios de paralisação temporária. Além disso, algumas empresas abriram planos de demissão voluntária (PDV) e reduziram turnos e jornadas de trabalho com banco de horas. Tudo para adequar a produção ao ritmo mais lento de vendas.

O presidente da associação de fabricantes (Anfavea), Luiz Moan, diz que praticamente todas as empresas estão fazendo ajustes. “As associadas estão tentando preservar ao máximo os postos de trabalho. A redução de efetivo tem sido feita por demissões voluntárias, na maioria de funcionários perto da aposentadoria. O uso do lay-off indica uma expectativa de que o mercado vai melhorar”, explica Moan.

Entre janeiro e julho, o país registrou a venda de 1,95 milhão de veículos, uma queda de 8,6% ante o mesmo período de 2013. Para evitar os estoques, a produção nacional teve uma queda mais brusca, de 17,4%, na mesma base de comparação. Em 7 meses neste ano, foram montadas 1,82 milhão de unidades no país, depois de um recorde de 2,2 milhões no mesmo período do ano passado.

Mesmo com a queda, os pátios seguem lotados, com 382,6 mil unidades paradas no fechamento de julho. Esse estoque equivale a 39 dias de vendas no ritmo atual. “Temos empresas que consideram o nível ideal entre 23 ou 25 dias, outras de 30 a 35 dias. O nível varia de acordo com o número de modelos da gama e de concessionários que representam a marca”, afirmou Moan. É uma equação delicada para as montadoras, que perdem dinheiro com veículos parados nas fábricas e concessionárias. Para equilibrar demanda e produção, elas podem elevar as vendas, valendo-se de “saldões”, promoções e propagandas, ou então cortar a produção – o que também não é bom para o setor.

Cristina Esteche

Jornalista

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