22/08/2023


Cotidiano Em Alta Guarapuava Saúde

Mudanças climáticas alertam para ‘onda’ de problemas respiratórios

Crianças e idosos são mais impactados pelas síndromes respiratórias. Especialistas orientam sobre cuidados com a saúde, inclusive cardíaca

Idosos e crianças são os mais atingidos por problemas respiratórios (Foto: Reprodução/Pexels)

É quase impossível entrar em um ambiente com mais pessoas e não escutar uma tosse, espirros, alguém pigarrear ou mesmo estar com o nariz ‘entupido’. No inverno, já é esperado o aumento de doenças respiratórias. Com últimas ondas de calor e quedas repentinas de temperatura, é preciso ter ainda mais atenção. Mesmo no fim de ano, perto do Verão, as mudanças climáticas também podem aumentar esses problemas.

Apesar da Secretaria de Saúde não ter dados sobre a incidência de casos em Guarapuava, na última semana, a morte de um adolescente de 16 anos comoveu Guarapuava e Região. Emanuel Francisco Moreira morreu vítima de pneumonia. Ainda nessa terça (21), a jornalista Elaine Santos de 38 anos também morreu após ser internada com pneumonia e infecção generalizada. A âncora do telejornal Canção Nova Notícias estava grávida de 23 semanas e o bebê também não resistiu.

ESPECIALISTAS

Para o médico Gilberto Saciloto, alergista e imunologista de Guarapuava, as alergias respiratórias primaveris ocorrem nesta época que vai de agosto até dezembro. Isso é quando o pólen principal atinge o máximo na atmosfera, especialmente no Sul do Brasil.

Coceira nos olhos, nariz, espirros com perturbação do sono. Porém ultimamente com variações térmicas muito frequentes surgiram quadros virais atingindo principalmente a população infantil que está mais sujeita por frequentarem os grupos em ambientes fechados. Esta sazonalidade do Vírus Sincial Respiratório já é esperado todo ano nesta época. Tenho visto, o que considero um costume errado, crianças dormindo no quarto dos pais além dos seis meses. Está comprovado que os adultos são portadores assintomáticos de vírus ou bactérias. Então quarto fechado, sem ventilação é o mesmo que uma sala de aula fechada, o contágio aumenta exacerbadamente.

De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), as síndromes respiratórias agudas graves (SRAG) causadas por vírus provocam maiores impactos na saúde de crianças e idosos. A incidência causa mais impacto em crianças até dois anos. Em termos de mortalidade ocorre o inverso, com a população a partir de 65 anos sendo a mais impactada. Ainda conforme o especialista, a prevenção mais adequada sempre será a a alimentação. Além disso, é necessário manter o ambiente mais higienizados, com ventilação.

Uso do ar condicionado nesta época as vezes torna-se agravante pela falta de limpeza e manutenção ou uso com exagero em temperatura frias. Aconselho manter o aparelho em 20°C. Sintomas de gravidade como palidez, respiração difícil e prostração, evite adiar o atendimento, pois isto poderá agravar o quadro, principalmente com pneumonias. A vacinação em dia também é importante. Hoje o cartel de vacinas prevê inclusive covid-19 e pneumocócias. Os idosos pela baixa imunidade natural e por serem portadores de outras patologias tornam-se alvos destas pandemias.

RISCO CARDÍACO

Além de potencializar problemas respiratórios, o tempo seco também pode causar riscos cardíacos. Isso porque há a elevação da concentração de poluentes, e pode aumentar em 50% o risco cardíaco de pessoas com alguma vulnerabilidade, como comprometimento coronário. O risco aumenta porque para manter a pressão arterial com esses vasos dilatados, o coração precisa bater mais forte. Além do coração fazer mais esforço, os poluentes do ar promovem uma irritação no pulmão.

Conforme o cardiologista e clínico geral, Abrão Cury essa irritação é ruim, pois os brônquios ficam mais fechados. Assim, os vasos também se fecham mais e o coração vai bombear contra um pulmão mais fechado, além de aumentar a resistência dos vasos.

A desidratação pelo ar seco também preocupa, pois quando a umidade do ar está baixa, o pulmão continua necessitando de um ar com 100% de saturação. É importante saber que a desidratação traz, também, outras consequências graves, como maior risco de trombose e sobrecarga ao coração. Com isso, o coração se vê obrigado a trabalhar mais depressa.

Com a chegada de fim de ano, muita gente quer correr atrás do prejuízo e perder aqueles quilinhos a mais. Só que deve se ter cuidado ao praticar atividade física ao ar livre durante os dias com ar seco e grande concentração de poluição.

É preciso se hidratar mais do que o normal. O ideal é só praticar exercícios ao ar livre antes das 8h e depois das 19h. Sem vento e chuva, as partículas de poluentes ficam de dois a cinco dias voando sem se depositar, e vão sendo transformadas pela radiação solar, gerando radicais livres. Outra dica é não correr e se exercitar próximo aos carros, pois os níveis de poluentes são muito mais altos nos corredores de tráfego, do que no meio das árvores de um parque.

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Vallery Nascimento

Jornalista

Jornalista formada desde 2022 pelo Centro Universitário Internacional - Uninter. Além do amor pela comunicação, ela também é graduada em Letras com habilitação em inglês. Apresenta o Giro RSN de segunda a sexta, às 18h nas redes sociais do Portal RSN.

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